Experimentação: materiais alternativos para o desenvolvimento sustentável

Desenvolvimento

(Publicado na edição #001, junho de 2023, p. 41)

Quais são os novos desafios para um desenvolvimento que respeite o meio ambiente? Como avançar e desenvolver sem destruir? São muitas as perguntas para poucas respostas, em uma questão que é de extrema importância para vida no planeta Terra. Como ambientalista e paisagista, acompanho de perto e é triste dizer o quanto estamos atrasados neste tema. E até quando permaneceremos assim?

O Brasil tem infinitas possibilidades de avanço quando o assunto é meio ambiente. Nos destacamos no cenário internacional pela capacidade de produzirmos energias limpas, temos grandes florestas com potenciais extraordinários, temos também as maiores reservas de água do mundo, incluindo o Aquífero Guarani (reserva subterrânea de água). Poderíamos falar de outras riquezas, ou sobre a importância de uma educação qualificada e transformadora, mas, neste texto, me volto para um super potencial que temos em nosso território, ainda pouco explorado por falta de conhecimento e de mão-de-obra qualificada: o bambu.

Em projetos paisagísticos, já utilizei o bambu para várias finalidades como reconstituição de ambiente, cobrir poluição visual e poluição sonora, cerca viva, contenção de encostas e, também, para soluções estéticas como jardins, decoração de ambientes etc. Mas isso ainda é muito pouco perto do que o bambu tem a oferecer. Para além da versatilidade de usos na engenharia, na arquitetura, no design ou nas artes visuais, o bambu é um trunfo no combate aos gases do efeito estufa: ele absorve dióxido de carbono (CO2) e libera na atmosfera 35% de oxigênio a mais do que outras árvores. Ou seja, a plantação de bambus é muito eficiente na produção de créditos de carbono.

Quanto ao plantio, o bambu é também bastante versátil, pois consegue prosperar em terras baixas, nas altitudes mais elevadas e em diversos tipos de climas, inclusive em regiões áridas. Ele ajuda na proteção do solo, impedindo erosão e preservando certa umidade do solo. Outra surpreendente vantagem do bambu é que ele pode ser produzido sem fertilizantes, pesticidas ou herbicidas, diferentes das outras plantas cultivadas para comercialização. O cultivo do bambu não agride o solo com substâncias químicas.

O bambu é também um alimento. Seus brotos são consumidos há séculos na culinária chinesa. Também chamado de takenoko, é altamente nutritivo e tem vários benefícios: fortalece os ossos, protege o coração e ajuda no emagrecimento.

O percurso para o desenvolvimento sustentável ainda é lento e complexo, mas, com criatividade, podemos, aos poucos, construir um novo mundo. O bambu, essa incrível planta que existe em abundância e é considerada por muitos a matéria-prima do futuro, pode nos ajudar a diminuir os impactos ambientais e promover um futuro mais sustentável.

José Roberto é militante do Eco Trabalhismo, paisagista e artista plástico. Foi candidato a deputado estadual pelo PDT em 2022.

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